DEMOKRISIS

A CRISE DA DEMOCRACIA

Tuesday, March 29, 2005

Ventos de mudança Posted by Hello

A SAÚDE DA DEMOCRACIA

Se a democracia é o sistema político do povo, pelo povo e para o povo, também a saúde (como a educação, a cultura, o progresso, o bem-estar, tudo, afinal) deve estar ao serviço de todos.
Com este pano de fundo, fácil será perceber o que está em jogo e concluir pela melhor jogada, sempre que somos confrontados com questões do género:
1 – Saúde pública ou privada?
2 – A venda de medicamentos deve ser ou não monopólio dos poderosos lobis laboratoriais e farmacêuticos?
3 - Como garantir a saúde e o acesso expedito aos medicamentos por parte de todos os que deles necessitam?
4 – Com salvaguarda das garantias técnicas ou à balda?

Começando por esta última questão, eu ouvi bem o 1.º ministro dizer que a venda de medicamentos em concorrência devia garantir a necessária vigilância técnica. Logo, não será à balda.
Mas os defensores do monopólio não ouviram bem. Não ouviram porque não quiseram, é evidente. E não têm pejo em deturpar o pensamento e as próprias palavras dos outros, para puxar a brasa à sua sardinha.
Quem é que ainda não passou pelo incómodo (e alguns de monta) de andar num fim de semana atrás de uma farmácia em cascos de rolha, em ruas escusas de que nunca se ouviu falar, para comprar um medicamento que não carece de receita médica? Gasta-se um tempão e o dobro do preço do medicamento em gasolina ou em táxi para nos abastecermos, sem a menor recomendação do produto desejado, como se fosse em qualquer mercearia da esquina. As farmácias, como as mercearias da esquina, (se estão lotadas, pior) o que querem é aviar, aviar. Toma lá dá cá. Ou melhor, dá cá (o dinheirinho) e toma lá (o remediozinho).
Note-se que até as farmácias existentes nas grandes superfícies estão fechadas ao fim de semana. Isto é servir o público? Isto é facilitar a aquisição de medicamentos?
Uma das vantagens das grandes superfícies é possibilitar a baixa dos preços dos produtos ali vendidos. É evidente que isso não interessa aos monopolistas, mas interessa e muito aos consumidores. Outra vantagem é o facto de as grandes superfícies estarem servidas de transportes que permitem um acesso rápido e barato, logo mais abrangente.
Em democracia, a saúde, como tudo, deve estar ao serviço da colectividade e não à engorda de meia dúzia de tubarões que até da saúde dos outros (bem precioso a salvaguardar) se servem para proveito próprio. E os outros que se lixem. Só que tais comportamentos são antidemocráticos. Mais: são imorais.

Friday, March 18, 2005

Barcos com timoneiro Posted by Hello

Tuesday, March 15, 2005

GOVERNUM HABEMUS

Depois de tantos meses à deriva, Portugal tem finalmente timoneiro, tripulação afinada, espero, e um rumo. Que o navio siga a rota certa, que a bússola não avarie, que os icebergs não causem rombos nem as tempestades estragos de maior, que os nevoeiros não se adensem, que o barco não meta água, são os meus votos.
A tomada de posse não teve beija mão. Não houve a procissão dos fidalgotes a prestar vassalagem a suas majestades, não houve salamaleques nem apertos de mão, pancadinhas nas costas, não houve desfile de vaidades nem súplicas apatetadas. Foi uma tomada de posse republicana, laica, séria e profícua, já que condimentada por dois bons discursos.
Quem lá foi, foi porque tinha que estar presente ou porque quis estar presente. Poderia (deveria) ter estado muita mais gente do que esteve. Mas como foi anunciado previamente que não haveria a estucha dos cumprimentos, a monárquica fila de vassalos perante suas altezas reais, poucos foram os que seguiram de perto, de pé, em salas ao lado, o acto sempre solene e sério de uma tomada de posse. Alguém, que deve ter ido no desconhecimento da nova praxis, lamentou o facto de não haver rapapé, desabafando que para seguir a cerimónia projectada num ecran gigante, melhor fora ter ficado em casa, frente à televisão. Claro que essa pessoa não é socialista, foi por ir, apenas para ver e se mostrar, durante o pretendido beija mão. Quem como eu se deslocou ao palácio da Ajuda para se dizer a si próprio: “presente, viva o socialismo possível nos tempos que correm!", gostou de estar entre o pequeno grupo de assistentes. Mais ainda, intimamente mais, do que se tivesse estado na sala da cerimónia, na primeira fila. Assim, chorei e ri, à minha vontade, consoante o decurso das emoções que me iam animando e enchendo de esperança.
Finalmente (finalmente? Espero que sim) acabou a monarquia. Viva a República! Viva Portugal livre e democrático! Viva a lusa gente!
André Moa

Sunday, March 13, 2005

REVELAÇÕES

O QUE DE MELHOR PODEMOS FAZER PELOS OUTROS
NÃO É PARTILHAR A NOSSA RIQUEZA
MAS REVELAR-LHES A SUA PRÓPRIA!

PAISAGEM DE ÁGUA


paisagem de água Posted by Hello

Thursday, March 10, 2005

A DEMOCRISE E OS LUCROS

A crise da democracia passa muito por aqui: pelos lucros e pela (não)distribuição dos lucros.
Acabo de dar uma volta ao quarteirão e de ler num dos placares publicitários que, quais cogumelos, surgem espontâneos (é da humidade, e o tempo vai seco, fará se chovesse!) em cada esquina: os lucros da Sonae subiram 68% em 2004.
Li e dei comigo, com os neurónios a tremer de indignação, a perguntar ao vento seco e frio que teima em passar: isto tudo à custa de quem e de quê? A favor de quem e de quê? Qual foi a percentagem do aumento dos salários de quem trabalha e produz? Qual a percentagem dos investimentos? E dos investimentos em quê e para quê? Quantas Sonaes (com este ou outro nome, que os nomes pouco importam quando são apenas rótulos mais ou menos enganadores para melhor venda de um qualquer veneno social) existem? E quais os seus lucros? E à custa de quem e de quê? E em proveito de quem e de quê?
Ninguém me respondeu. Nem uma destas perguntinhas inocentes mereceu resposta. O placar apenas falava nos lucros. Só eu me respondi, e fiquei triste, muito triste e preocupado. De vez em quando as Sonaes ameaçam fugir para a Suiça. Se calhar fogem apenas estes despudorados lucros, que se dão melhor com o ar impuro dos bancos alpinos. Mas, de vez em quando, ameaçam com a fuga. E nós trememos. Quando muito perguntamos (mas também ninguém nos responde): que patriotismo é este? Que gente é esta? E, se calhar (ou de certeza?) melhor seria que fossem as Sonaes, os Sonaes todos, e de uma vez por todas, a fugir mesmo, a afundarem-se nas neves e nos gelos suiços, mas antes de tal esmifranço. Sempre ficávamos menos pobres. Sempre ficaríamos com os 68% dos lucros que, num ano só, foram acumulados por uma só das Sonaes que por aí andam e proliferam, à custa dos baixos salários, das alienações que nos vão sendo impostas, das mais valias de muita gente.
Ou não será assim?
Só assim não seria, se agora, ao menos agora, conhecidos os lucros, estes fossem aplicados no bem-estar colectivo, estes fossem distribuídos por forma a diminuir as assimetrias sociais. Mas qual quê!? O mais certo é irem congelar para a Suíça ou engordar as contas bancárias dos costumados favorecidos.
E o p(ovo)?
O p(ovo) que gema.
E a clara?
A clara está cada vez mais escura.

Tuesday, March 08, 2005

NO DIA INTERNACIONAL DA MULHER

O homem e a mulher são diferentes, não desiguais. O homem e a mulher completam-se, formam o conjunto perfeito.
A humanidade vive desumanizada, porque ao longo dos séculos, metade dela, a maior parte dela, constituída pelas mulheres, tem sido vilipendiada, explorada, violentada, dominada pela força bruta do bruto macho.
Neste teu dia, Mulher, eu peço-te perdão pelas minhas fraquezas de homem, pelo meu egoísmo, pelas minhas fanfarronices, pelo meu desprezo, pela minha prosápia, pela minha desfaçatez para contigo. Neste dia, Mulher, presto-te homenagem, ofereço-te a minha estima e garanto-te a minha solidariedade na tua digna luta de libertação. De libertação tua e minha. De libertação da Humanidade, para bem e engrandecimento da humanidade, para bem e engrandecimento do homem e da mulher.

Em ti Mulher
Eu quero amar
Cada acto cada átomo
Cada fímbria de tempo e de espaço
O que desperta ou jaz à superfície
O que fervilha ou arrefece nos recônditos do ser
O próximo e o longínquo
Tudo e todos
Tudo em todas as idades

Em ti tudo se concentra multiplica e transfigura
Em ti tudo descubro contemplo e fruo
Tudo eu amo
Em ti eu amo todo o Universo
Tu és o Universo todo
Sua Nascente e Foz
Alma e Voz

Em ti respiro o ar límpido e húmido dos campos
Tu és o campo orvalhado em todas as manhãs

Busco e sorvo o teu perfume
Em todas as flores de todos os canteiros de todos os jardins
Procuro-te a meu lado
Desejo-te liberta
Em todas as cidades

Nas noites opressivas tu és o enlevo
a esperança o devaneio o milagre solar
Que transforma o humano pesadelo em sonho alado

Em cada instante tu és o sopro eterno

Neste roçagar de brisa que é a vida
Neste caminhar contigo lado a lado
O meu devido preito e um beijo terno
André Moa

Saturday, March 05, 2005


pedras Tabuaço Posted by Hello

Friday, March 04, 2005

CARRASCO E VÍTIMA - causa e efeito

O Padre Nuno Senas Pereira e o Dr. Pedro Santana Lopes têm estado na ribalta e ora brandem a respectiva chibata e batem em tudo e em todos, enquanto remam em sentido contrário à vaga de fundo, “contra ventos e marés”, ora são açoitados na praça pública.
O Sr. Nuno Serras Pereira é padre. É ou não é?
O Padre Nuno Senas Pereira leu e aprendeu pela cartilha católica. Leu ou não leu? Aprendeu ou não aprendeu?
O Padre Nuno Senas Pereira estudou o Código do Direito Canónico. O Código do Direito Canónico existe e está em vigor. É ou não é verdade? E o cânone 915 estipula o que estipula. Estipula ou não estipula?
Porque assim é, não batam mais no ceguinho, não batam no Padre Nuno Senas Pereira, ou melhor, não batam apenas no Padre Nuno Senas Pereira.. Coitado, ele envergou o capuz de carrasco que o vitimou, quando, pelos vistos, já nem o carrasco ousa brandir o cutelo. O “carrasco” Nuno Senas Pereira começou por ser vítima do que lhe foi ensinado, do Código que rege a instituição a que pertence por direito que lhe foi conferido. O “crime” do Padre Nuno Senas Pereira reside tão somente em saber ler o que está escrito e em ousar publicitar com todas as letras o que nem o Papa e os seus seguidores, que tanto têm malhado nos que defendem o que eles, tal como o padre Nuno Senas Pereira, atacam. Parabéns, Padre Nuno Senas Pereira, pela sua inqualificável desfaçatez. Permita-me só mais uma pergunta inocente: onde foi o padre (franciscano, com votos de pobreza... ou já não?) o dinheirinho (o dinheirão) para pagar o anúncio?
Também o Dr. Santana Lopes, nado e criado para a política no PPD/PSD que o formou, informou e enformou, é um fruto retinto do PPD/PSD, o mesmo será dizer consequência, vítima, coitado, resultado. Ele é a prova real do PPD/PSD. Fruto do PPD/PSD, como tal foi apreciado, louvado, provado, saboreado ao longo dos anos. Até que quis provar. Provou e reprovou. Vítima, claro. Pois se ele foi Secretário do ícone que se chamou Sá Carneiro! Pois se ele foi Secretário de Estado da Cultura do “D. Sebastião” do PPD/PSD, do El Salvador Cavaco Silva! Ora, com tal gente, com gente de tal cultura, o que queriam? Fruta de 1.ª apanha, era?
Senhoras e senhores, não se esqueçam que os abrolhos provêm dos abrolhos. A excepção é a excepção, que, aliás, só serve para confirmar a regra. E requer uma boa enxertia.

Tuesday, March 01, 2005

SILÊNCIOS DE OURO; RUÍDOS A PESO DE OURO

Há silêncios de ouro; há ruídos que não valem nada, mas rendem muito ouro. No primeiro caso, temos, nestes últimos dias, o silêncio dos políticos, a começar pelo do indigitado 1.º ministro. Não há nada que faça tão mal à política como o ruído de fundo dos políticos. Enquanto que o silêncio pode significar reflexão, ponderação, noção das responsabilidades, vontade firme de acertar. E bem precisamos que se acerte, para que o país se conserte.
No segundo caso, temos o barulho ensurdecedor dos U2. Parece que vêm cá fazer barulho em 14 de Agosto. Pois, a seis meses de distância, já começaram a render milhões. Pessoas que durante 48 horas se postaram nas bilheteiras das bombas gasolineiras, a arrostarem com um frio de rachar, só para pagarem bem caro a possibilidade de serem atordoados daqui a seis meses, durante duas horas.
E quer este mundo viver em paz e sossego, quando há quem passe as passas do algarve e rijos frios nocturnos para comprar barulhos ensurdecedores e perturbadores dos já atrofiados neurónios!? Não lhes basta os decibéis com que, até lá, vão auscultar os tais ídolos barulhentos? Eles já sabem de cor e salteado os compassos ruidosos que irão escutar “ao vivo” (escrevo ao vivo e penso ”ao morto” ) lá para Agosto, mas o fanatismo tem destas coisas: faz rebentar bombas no médio oriente e ouvidos e mentes em Lisboa, em Agosto e não só. A presença fica desde já assegurada, comprada com sacrifício, com o corpo enregelado, para “garantir” o calor a uns milhares de almas alienadas por um “sábio” encadeamento de ruídos (a)musicais.
Os Mozarts, esses, continuarão a penar para sobreviver. É a vida? Não. É a morte. É a fuga ao silêncio dourado da reflexão, do pensamento, da acção responsável e empenhada no bem-estar colectivo. É a manipulação pelo ruído que a todos aflige e apouca, em detrimento da melodia e da harmonia na vida.
Norberto MacedoLembranças de Outono

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