DEMOKRISIS

A CRISE DA DEMOCRACIA

Wednesday, February 09, 2005

QUARESMA

Foi-se o carnaval, vem a quaresma, o tempo da moderação. Desejamos que sim, sabemos que não. O carnaval que já dura há pelo menos seis meses, vai continuar até à tomada de posse do próximo governo, se houver mudança. Caso contrário, a dança carnavalesca continuaria, pelo menos em teoria, por mais quatro anos. Quanto mais não seja, com as palhaçadas do Santama, de falcon ou de cadeirão em São Bento, a carnavalar em família, com os amigos jornalistas que estão dispostos a tudo. Será que perdeu toda a coragem que não passou nunca de fanfarronice) para enfrentar o público? Será que os comícios lhe estão a correr assim tão mal que o deixaram descoroçoado? Ou foi receita de "médico" amigo?
Sabia que a santinha madrezinha igrejinha catolicazinha, nos tempos em que impava de poder temporal, chegou a impor continência total durante toda a quaresma mesmo aos casais unidos pela "santo sacramento do matrimónio"? Pois foi. O Prof. Júlio Machado Vaz ainda esta manhã no-lo recordou, no seu produndo e bem humorado programa matinal "o amor é..." ao ler tão estapafúrdia prescrição.
Porque a quaresma sempre obriga a alguma moderação (a tradição, mesmo a perversa, ainda tem muita força) hoje fico-me por este contido contributo:

O PÁSSARO DO AMOR

Pássaro vívido teu corpo adeja no meu sonho
e logo este tempo sonolento se transforma
num suave marulhar de anseios.
Líquida refulgência tuas asas fundem-se nas minhas.
Os nossos corpos assim alados
asa com asa o mesmo palpitar
no conjugado esforço de voar
riscam rotas traçam rumos justapostos.
Súbito em nós tudo se confunde somos
um só pássaro um só rumo o mesmo voo
pensamento sentimento e acto
conjugação a dois do verbo amar
unidade vital do nosso ser em festa.
Contigo alcanço o êxtase do voo
cada abraço atinge a leveza do pássaro
e logo toda a mágoa se desfaz em água
e a lágrima em rio e o rio em barco
e o barco em sorriso cascata luminosa
onde a vida se banha para ser
cristalino e renovado amanhecer.


André Moa

2 Comments:

  • At 8:51 AM , Anonymous Anonymous said...

    Ainda bem que o Pássaro do Amor surgiu depois de tanta desgraceira, de tanta fanfarronice, de tanta tacanhez que por aí se apregoa, nos meios de comunicação social por bocas tão porcas no teatro desta imensa feira das vaidades que é a campanha das maldades! Só mesmo um poeta pode introduzir depois da alusão à ilusão que é o Carnaval da tristeza, da Quaresma e da "continência" a ela associada e referida pelo Júlio Machado Vaz o fulgor do PÁSSARO DO AMOR sempre prestes a alçar o voo que existe permanentemente dentro dos corações livres, aptos a amar uma ideia de um mundo onde "em cada esquina um amigo, em cada rosto igualdade" Ass:Um pássaro em vôo

     
  • At 3:59 PM , Blogger Carlos Esperança said...

    SAalva-nos a poesia do mais negro dos pessimismos.
    No dia 20 será julgado o Governo de Durão Barroso e a patifaria que fez aos portugueses impondo-nos o mais inepto e desaptado cidadão para primeiro-ministro.
    Não estou eufórico com o que aí vem mas nunca será pior. E até pode ser bom.

     

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