DEMOKRISIS

A CRISE DA DEMOCRACIA

Friday, February 04, 2005

O SISTEMA

meio a sério...

Dia sim, dia não, os profetas da desgraça sobem à tribuna dos modernos areópagos da política nacional (os meios de comunicação social) e dão em desancar no sistema. Que o mal está no sistema, que nada de bom acontecerá em Portugal, enquanto se não mudar o sistema...
Durante algum tempo, dei em sentir-me incomodado com os ditirambos contra o sistema, já que, desde 1976, me habituei a simpatizar com o sistema constitucional português. E ainda hoje simpatizo, apesar dos maus tratos que a constituição já sofreu às mãos dos seus detractores, com o beneplácito de muitos que dizem respeitá-la e solenemente se obrigam a cumpri-la.
Atacam o sistema de que beneficiam, já que todos eles vão vivendo, com privilégios redobrados, à custa do sistema que acusam e maldizem.
O sistema é a raiz de todos os males, proclamam.
Mandaria o mínimo de coerência e de decência que quem ataca frontalmente o sistema e o quer transformar deveria antes de mais sair dele, demarcar-se, pôr-se à margem, para então depois o denunciar com todas as fímbrias do seu ser. Não é isso que se passa. Basta lembrar os Joões da Madeira, os Santanas da Figueira e arredores, e tantos outros apaniguados discípulos da velha e matreira ratice que os leva a saborear o queijo, lambuzarem-se todos com ele, ao mesmo tempo que o roem e corroem por dentro, desdenhando do leite - substracto do tão apetecido, cobiçado e tasquinhado repasto – de que se amamentam.
Que o mal é do sistema, é. Vou tentar demonstrá-lo, a partir desta coisa comezinha a que chamamos eleições, um dos pilares do sistema constitucional.
Bastará analisar este carnaval eleitoral antecipado, cognominado de campanha pré-eleitoral, para não podermos fugir à evidência: a culpa é do sistema.
- É mesmo? – interrogo-me eu, ainda titubeante.
- É mesmo. - afirmo eu, após aturada reflexão, convicto.
- Mas então...
- Mas então o quê? Claro que a culpa é do sistema vigente (do contra –sistema, se preferirem) que os do contra-o-sistema forjaram, implantaram e religiosamente prosseguem, a partir, mas ao arrepio, do sistema legal.
- Então, abaixo o sistema!
- Então, abaixo! Abaixo o sistema anti-sistema. Abaixo o sistema anticonstitucional! (continua)
(Vou aproveitar esta pausa do carnaval para aprofundar, fundamentar e escrevinhar a continuação deste texto. Bom entrudo, que o carnaval, o tal, o eleitoral, está mau. É carnaval a mais. Pelo menos para o meu gosto).

meio a rir...

nos tempos que correm
os maus candidatos
ou “matam” ou “morrem”
tais os desacatos


para atingir os fins
não vêem escolhos
valem os ruins...
até tirar olhos

lavam roupa suja
a própria e a alheia
baba tão sabuja!
Não vão p’rá cadeia?

Lutam pela vida,
coitados! Que quer!?
Se saem da lida
que irão fazer?

Nasceram p’ra isto,
prá porca política...
acima de Cristo
e de qualquer crítica.

Fartar, é fartar,
ó vil vilanagem!
já está a andar,
lutai pela vida,
mais uma corrida,
mais uma viagem!


2 Comments:

  • At 7:39 AM , Anonymous Anonymous said...

    Realmente, acho que tem toda a razão! O espectáculo a que assistimos, não fora o medo de ainda virmos a ser mais mal governados do que já somos, levaria qualquer cidadão a não querer sequer ir votar! Eu não abdicarei nunca de um direito pelo qual lutámos tantos anos mas confesso o meu desencantamento por assistir a este Carnaval da Má Língua e do embuste que, ao ser usado, pressupõe que o nível de ajuizar em relação àqueles que vão ser os votantes se situa ao nível dos que frequentaram a Quinta das Celebridades e quejandos - os programas alienantes com que se entretem o zé povo (com papas e bolos se enganam os tolos!) O facto de se enxovalharem uns aos outros em vez que informar e se comprometeram, deixa-nos tristes e pouco convencidos que iremos deixar de ficar, eternamente na cauda da Europa. Apesar de tudo é preciso manter a fé, senão morre a esperança! Maria Lagos

     
  • At 9:28 AM , Anonymous Anonymous said...

    Pera-aí, pá. Isto do sistema eu pensei kéra só prós futebóis. Já tivemos tempo de ver késtas chagas de políticos feitos a martelo que entram nas nossas casas através da TV com conversas de comadres, brigas de vizinhas e que dão cacetada com cheiro a alho-pôrro não levam a nada de bom. Hoje ser sério nestas coisas é ser lírico e o lirismo é utópico. A solução é akabar com os falsos políticos que não passam de uns chorões, acabar
    com os partidos e refazer o 25 DE ABRIL. Verdadeiro e Genuíno.
    Um abraço

     

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